EP#1
O terror das barragens
A mineração é tão extensa em Minas Gerais que modifica a sua paisagem – e a vida das pessoas. No nosso primeiro episódio sobre o assunto, mostramos que as tragédias de Brumadinho e Mariana escancararam um problema ainda maior: o de como mineradoras dobram a ciência para continuar avançando seus empreendimentos, mesmo que eles tragam riscos para comunidades locais.
Laudos questionáveis, conflitos de interesse, maquiagem de dados… encontramos tudo isso e mais em uma jornada pelas barragens de rejeitos de Minas.
O Ciência Suja tem o apoio do Instituto Serrapilheira.
Entre no nosso site para ter mais informações sobre o podcast e para se tornar apoiador do projeto. A sua ajuda faz a diferença!
Siga o Ciência Suja nas redes sociais. Estamos no Instagram, Facebook, Twitter e TikTok.
Abaixo, as respostas da assessoria de imprensa da CSN aos nossos questionamentos:
A barragem da mina Casa de Pedra e as demais localizadas em Congonhas estão seguras?
Sim. A barragem Casa de Pedra e todas as demais estruturas da CSN Mineração são seguras. As Declarações de Condição de Estabilidade (DCE) mais recentes da barragem Casa de Pedra e das outras estruturas foram emitidas em março de 2024, atestando a estabilidade e confirmando ausência de nível de emergência. O registro pode ser consultado no SIGBM Público - Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração, da Agência Nacional de Mineração (ANM).
A companhia abriu concorrência para contratação de um estudo para analisar e identificar oportunidades para a descaracterização da barragem Casa de Pedra, mesmo não tendo obrigação legal para isso, uma vez que essa barragem foi construída pelo método a jusante. Cabe destacar, ainda, que a Companhia não possui histórico de acidentes nessas estruturas desde o início de suas operações, em 1913.
Desde 2020, a CMIN dispõe os rejeitos de mineração em pilhas secas e tem investido na descaracterização das estruturas a montante. A estrutura mais recente a ser descaracterizada foi a barragem do Vigia. Uma vistoria realizada pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), no último mês de abril, confirmou que a barragem está descaracterizada e, desta forma, não está mais submetida à Lei Estadual nº 23.291/2019 e ao Decreto nº 48.140/2021. Essa estrutura se junta às barragens B5 e Auxiliar do Vigia, num total de três estruturas eliminadas. Resta apenas uma barragem a montante que também já se encontra em obras e será finalizada até 2028.
Por que são realizados os simulados de rompimento de barragem?
O simulado faz parte da melhoria contínua do Plano de Ação de Emergência de Mineração (PAEBM), sendo uma ação preventiva que visa orientar as comunidades e trabalhadores como agir no caso de uma emergência envolvendo barragens. Além disso, possibilita avaliar a funcionalidade do sistema de alarme, conforme requisitos e exigências previstos no PAEBM e na legislação vigente.
Em caso de rompimento real da barragem da Casa de Pedra, os moradores do Bairro Residencial, que fica a cerca de 500 metros da barragem, teriam tempo para escapar em segurança?
É primordial esclarecer que a Companhia mantém as atividades de gestão da sua segurança das estruturas, como inspeções de campo e manutenções de rotina; avaliação dos dados de monitoramento e resposta da instrumentação; verificação dos fatores de segurança obtidos por meio das análises de estabilidade; videomonitoramento 24h; práticas ao atendimento das legislações estaduais e federais; atendimento aos requerimentos dos órgãos fiscalizadores e acompanhamento e atendimento das recomendações de auditoria para aperfeiçoar cada vez mais o sistema de segurança. Portanto, em caso de risco, a estrutura emite sinais que são avaliados e classificados em níveis de emergência 1, 2 e 3, conforme preconiza a legislação. No caso de agravamento, a evacuação da população acontece em nível 2, quando ainda não há risco iminente de rompimento.
ASSESSORIA DE IMPRENSA CSN MINERAÇÃO
ENTREVISTADOS
Daniel Neri
ambientalista, físico de formação, doutor em política científica e tecnológica pela Unicamp e professor do Instituto Federal de Minas Gerais, além de consultor do episódio.
Euler de Carvalho Cruz
engenheiro mecânico que sempre trabalhou com hidrelétricas e barragens.
Maurício Angelo
jornalista do Observatório da Mineração.
Moradores da região
Alguns foram identificados, outros tiveram a identidade mantida em sigilo.
Sandoval de Souza
ambientalista
Bruno Milanez
professor de engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora e coordenador do grupo de pesquisa e extensão Poemas, acrônimo para Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade.
professor do Instituto de Geociências, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Klemens Laschefski
professor do Instituto de Geociências, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).